Ana Neri, uma escola cercada de casas por todos os lados
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Fachada da Escola Municipal 10.26.013 Ana Neri, situada na Estrada Roberto Burle Marx (antiga Estrada da Barra de Guaratiba) nº 9.953, bem em frente à famosa Praia da Barra de Guaratiba.
Estive visitando a Escola Municipal Ana Neri no dia 6 de julho de 2011. Era uma quarta-feira muito fria, embora não estivesse chovendo. Mesmo assim encontrei certa dificuldade para estacionar nas proximidades da escola. Havia alguns 'corajosos' na praia, e o vertiginoso crescimento daquele bairro litorâneo também se reflete na escola, cujo prédio encontra-se comprimido entre casas, lojas e até mesmo alguns edifícios que vão sendo construídos na área de entorno do morro, que já foi consideravelmente descaracterizada nas últimas décadas, como dá para comparar com a foto de Augusto Malta, datada de 2 de maio de 1917, na época em que a Ana Neri ainda era conhecida como Escola Mista da Matriz.
Foto da Escola Ana Neri, em 1917, de autoria de Augusto Malta, reprodução do livro "Fotografias do Rio de Ontem", Coleção Memória do Rio 7, editado sob a coordenação de Paulo Berger, na gestão da professora Maria Therezinha Tourinho Saraiva, na Secretaria Municipal de Educação e Cultura.
Segundo a professora Iraci Villa de Oliveira, diretora da Escola Municipal Ana Neri, o fato de a unidade escolar estar situada em frente a uma das praias mais belas e frequentadas do Rio de Janeiro tem seus aspectos positivos, mas também apresenta alguns percalços para os funcionários, professores e também para os alunos como, por exemplo, a dificuldade de acesso, tendo em vista que Barra de Guaratiba é um bairro terminal, além da grande movimentação de automóveis durante o verão e meses mais quentes do ano.
Iraci diz que conseguiu autorização para que fossem reservadas duas vagas de estacionamento de carros em frente à escola, mas devido às obras na praça, as placas de exclusividade acabaram sendo retiradas. Os professores que moram em bairros mais distantes contam com uma Kombi que faz o transporte a partir de Campo Grande.
Em compensação, não deve ter coisa melhor para aliviar qualquer estresse provocado pelo acúmulo de trabalho, do que abrir as janelas da secretaria ou da sala da direção, e contemplar a beleza do mar de Guaratiba, ou a vista panorâmica da Restinga da Marambaia, tudo isso de dentro da Escola Municipal Ana Neri.
Professora Adriana (no centro, de blusa vermelha) com seus alunos da Turma 1401.
A "Ana Neri" não é uma escola grande. Possui oito turmas,sendo duas de Educação Infantil e do Segundo Ano, e uma de cada um dos demais anos (1º, 3º, 4º e 5º). No total são cerca de 170 alunos e seis professoras, sendo que duas delas fazem dupla regência. Há também professora de Inglês, que faz complemento da carga horária, e uma de Educação Física, além de três estagiários, que auxiliam no reforço escolar, na educação especial e apoiando os alunos incluídos.
Estagiários Luiz Paulo, Bruno Cesar(sentados) e Amanda Monteiro (ao fundo), com a diretora Iraci Villa de Oliveira.
1. Ana Neri, a primeira enfermeira do Brasil
Há uma foto antiga, emoldurada em quadro coberto por vidro, da Patronesse Ana Neri, cuja biografia é bastante divulgada por todos os professores da escola. Para fazer com que os seus alunos conheçam bem o retrato da patronesse, a professora Adriana estampou o selo postal com o retrato da primeira enfermeira do Brasil em todas as provas distribuídas aos seus alunos da Turma 1401.
Selo Postal com o retrato da patronesse Ana Neri, que foi reproduzido na parte superior das provas elaboradas pela professora Adriana, para os seus alunos da Turma 1401.
Como se trata de uma heroína nacional, existem inúmeras biografias da patronesse da Escola Municipal 10.26.013, como a transcrita abaixo, que foi retirada do http://3.bp.blogspot.com
"Ana Justina Ferreira, a primeira enfermeira do Brasil, nasceu em 13 de dezembro de 1814, na vila Cachoeira do Paraguaçu, interior da Bahia. Casou-se aos 23 anos com Isidoro Antônio Néri. Ele era capitão-de-fragata da Marinha e estava sempre no mar. Dessa forma, Ana acostumou-se a ter a casa sob sua responsabilidade. Ficou viúva aos 29 anos, com os filhos Justiniano, Isidoro e Pedro Antônio para cuidar. Os dois primeiros tornaram-se médicos e o último, militar. Em 1865, o Brasil entrou na Tríplice Aliança, começou a Guerra do Paraguai e os filhos de Ana foram convocados. Sensibilizada com a dor da separação, no dia 8 de agosto ela escreveu ao presidente da província oferecendo-se para cuidar dos feridos de guerra enquanto o conflito durasse. Logo partiu para o Rio Grande do Sul, onde aprendeu noções de enfermagem com as irmãs de caridade de São Vicente de Paulo. Apesar das faltas de condições, como falta de higiene e de materiais e excesso de doentes, Ana chamou a atenção por seu trabalho como enfermeira por várias regiões por onde passou. Com recursos próprios, herdados de família, Ana montou uma enfermaria-modelo em Asunción, capital paraguaia sitiada pelo exército brasileiro. No final da guerra, em 1870, Ana voltou ao Brasil com seis meninas órfãs brasileiras. Foi homenageada e D. Pedro II, por decreto, lhe concedeu uma medalha e uma pensão vitalícia. Faleceu no Rio de Janeiro em 20 de maio de 1880. Carlos Chagas batizou com o nome de Ana Néri a primeira escola oficial brasileira de enfermagem de alto padrão, em 1926."
Retrato oficial da patronesse Ana Neri existente na secretaria da escola.
2. Construindo Valores e Saberes
Reprodução da capa do Projeto Político Pedagógico da Escola Municipal 10.26.013 Ana Neri, que foi impresso em formato de pequeno livro e distribuído a todos os professores e funcionários da unidade escolar. O trabalho foi digitado e formato pela diretora Iraci Villa de Oliveira, e a impressão foi toda custeada pelos professores. O desenho é de autoria do agente administrativo Fernando Barbosa, que atualmente está lotado no GAC da 10ª CRE.
O Projeto Político Pedagógico "Construindo Valores e Saberes" foi elaborado contando com a participação de todos os professores e funcionários da Escola Municipal Ana Neri, e consta do tema central, do marco referencial, onde aparecem as questões conceituais e metodológicas, o plano setorial, com informações descritivas sobre os educadores e educandos, as famílias, equipe de direção e coordenação pedagógica, sala de leitura e funcionários. Na parte final consta o diagnóstico e a programação.
Professora Cíntia com seus alunos da Turma EI 20 Educação Infantil.
3. Cintia Farag, referência para os estudos das Artes Visuais na Educação Infantil
No dia 18 de julho de 2011, a professora Cíntia Farag Goulart de Araújo, que dá aulas para turmas da Educação Infantil da Escola Municipal Ana Neri, estará participando da Jornada de Educação Infantil da Secretaria Municipal de Educação, quando terá a oportunidade de falar sobre uma experiência bem sucedida que desenvolveu com os seus alunos, a partir de fotografias feitas por eles.
Professora Cíntia Farag (direita da foto) com a diretora Iraci Villa de Oliveira.
Cintia, que já foi entrevistada pelos produtores do programa da MultiRio, estará participando de uma mesa de debates que tem como tema "O olhar", com a apresentação de Fábio Barbirato e transmissão por via satélite em tempo real para as telessalas instaladas nos diversos pólos distribuídos pelas coordenadorias regionais de educação.
Conforme texto publicado em reportagem pela Revista Nova Escola, edição especial dedicada às artes, de abril de 2007, abaixo transcrito, o trabalho da professora Cíntia Farag é uma referência para todos que atuam com a educação infantil.
"Na EM Ana Neri, no Rio de Janeiro, os conteúdos de Artes Visuais são uma das prioridades da equipe pedagógica da Educação Infantil. O motivo: a imagem está cada vez mais presente no cotidiano e aprender a selecionar é urgente. As crianças trabalham com diferentes modalidades, mas foi a fotografia que encantou Cintia Farag Goulart de Araújo e sua turma. Ela propôs apreciações de fotos e contou que o artista que realiza esse tipo de trabalho é o fotógrafo. Todos quiseram saber mais sobre a arte, a profissão e como se cria registros como aquele. Para aprofundar o estudo, ela desenvolveu o projeto Foto – Criando Presente, Passado e Futuro durante dois meses. As atividades ocorriam uma vez por semana, em uma aula simples. O pontapé inicial foi a definição do tema. "Que tal Barra de Guaratiba?", perguntou Cintia à turma. O bairro em que fica a escola é rico em diversidade natural: tem praia, mata e mangue. A professora enviou uma carta aos pais explicando o projeto e pedindo que enviassem imagens do local. A curiosidade deu lugar às descobertas: com a fotografia é possível olhar para o seu lugar, enfocar belezas ou mazelas, fazer denúncia ou exaltação, mas o resultado final é sempre uma seleção do fotógrafo."
Professora Ana Paula com seus alunos da Turma 1101.
Professora Rita com seus alunos da Turma 1202.
